A proposta habitacional para a Vila dos Melos une ao cenário descrito acima os aspectos agrícolas de uma fazenda produtiva, onde as pessoas podem cultivar de forma colaborativa ou individual espaços qualificados para essas atividades.Ao mesmo tempo sugere a implantação de unidades habitacionais compactas e pré-fabricadas que possibilitem logística e montagem facilitadas pelos sistemas industrializados sugeridos pelo regulamento para a utilização dos concorrentes.

O desejo da vida em maior contato com a natureza e, muitas vezes, a retomada de suas raízes rurais tem constituído um movimento importante do ser humano nesse início de século XXI. Enquanto a maior parte da população mundial passa a viver em cidades, parte das pessoas, especialmente aquelas que vivem em grandes centros urbanos, busca refúgios campestres que possam servir de abrigo, permitindo ao mesmo tempo a manutenção das vantagens da vida na metrópole e ainda assim promover a fruição temporária, eventual ou mesmo definitiva nesse contexto natural alternativo.

A presente proposta orienta a construção desse abrigo no sentido transversal às curvas de nível topográficas, estabelecendo dois patamares e, por consequência, dois pisos utilizáveis. Com isso, pretende-se ampliar o pé-direito da área de estar e ao mesmo tempo qualificar e enfatizar as visuais na direção do vale do Ribeirão dos Mellos.

O núcleo inicial com 64m² – na configuração com um quarto – constitui em si os elementos tectônicos que permitem a ampliação da área construída para 75m² configurando assim o segundo quarto previsto.

No exterior da construção propõe-se um espaço para banho aquecido e uma área de estar constituída por um banco que desempenha a função de pequeno arrimo. Esse espaço externo pode contar também com elementos sombreadores, como árvores ou pergolados.

Para os sistemas construtivos imaginou-se a utilização dos painéis CLT para paredes, pisos e tetos. Os painéis seriam utilizados na largura modular de 3 metros, evitando recortes e desperdícios. A envoltória das paredes externas utiliza painéis de madeira configurados como uma fachada ventilada. Tratados com stain, esses elementos são parte da materialidade predominante. Na cobertura, além do sistema de impermeabilização sugere-se o uso de argila expandida como elemento de sombreamento das lajes CLT.

A espacialidade interna alcançada é resultado da generosidade de pé-direito, da grande janela frontal aberta para a paisagem e da textura da madeira, assumida como material predominate na edificação.

Na paisagem se destacará a janela frontal e o aspecto monolítico do volume emergindo da encosta. Uma relação de natureza e artefato com a colina, lugar rural, espaço para o homem pensar, trabalhar, descansar e encontrar amigos.