Ilha Rei George – Península Keller – Antártica – 2013
Projetar e construir para o Brasil na Antártica
Em certos lugares do planeta a natureza por vezes cria condições adversas para o corpo humano. Nestes locais, pensar um edifício é quase como construir uma vestimenta, um artefato que protege e conforta. Trata-se de um problema de desempenho tecnológico, mas que deve estar aliado à estética. Fazer o ser humano sentir-se bem é mais que trabalhar as noções de conforto e segurança, é também trabalhar os espaços nas suas dimensões simbólicas e perceptivas.
Um abrigo, um lugar seguro. A nova casa do Brasil na Antártica. Um lugar de proteção e reunião das pessoas para a produção do conhecimento científico.
Assim é encarada a tarefa de projetar a nova Estação Antártica Comandante Ferraz.
O vazio deixado pelo incêndio ocorrido em 2012 carrega de simbolismo a importância dessa nova construção; ela representa a presença brasileira na Antártica como possibilidade de contribuição científica em conjunto com a comunidade internacional. Representa também uma oportunidade de desenvolvimento tecnológico para a arquitetura brasileira e para a indústria nacional.
De outro lado, o processo de projeto nos leva a entender aos poucos a fragilidade da vida humana e como se deve agir para resolver problemas construtivos, funcionais e sensoriais. Nesse sentido, as decisões são tomadas de modo cuidadoso, pois é preciso respeitar a natureza e entender que há desafios a serem superados antes de se chegar ao edifício construído.
A presente proposta para a Estação Ferraz parte da interpretação do território e das condições geográficas da região. Sendo assim, a implantação dos edifícios propostos leva em consideração a topografia da Península Keller e as necessidades de preservação das áreas de vida animal e vegetal do entorno, entre outros fatores. Diversas condições previstas pelo Zoneamento Ambiental de Uso são respeitadas de modo a minimizar os impactos na natureza.
Os setores funcionais estão organizados em blocos que distribuem os usos. O bloco superior, no nível +9,10, abriga os camarotes, áreas de serviço e o jantar/estar. Ao bloco inferior, no nível +5,95, foram incorporados os laboratórios e as áreas de operação e manutenção. Este mesmo bloco abriga as garagens e o paiol central, localizados no nível +2,50.
Um bloco transversal, também no nível +5,95, reúne os usos social e de convívio. Neste trecho estão posicionados a sala de vídeo/auditório, a lan house, a sala de reuniões/videoconferência, a biblioteca, e o estar.
A implantação é completada com as plantas de painéis fotovoltaicos, ao norte, e de turbinas eólicas VAWT a sudoeste.
O PROJETO
A EQUIPE
Autores
ESTÚDIO 41 Arquitetura
Emerson Vidigal
Eron Costin
Fabio Henrique Faria
João Gabriel Rosa
Dario Corrêa Durce
Fotografias
Leonardo Finotti
Equipe
Martin Goic
Moacir Zancopé Jr.
Fernando Moleta
Felipe Santos
Alexandre Kenji
Rafael Fischer
Projetos Complementares
AFA CONSULT
Estruturas
Rui Furtado
Filipe Arteiro
Geotecnia
Rui Furtado
Filipe Arteiro
Filipe Afonso
Instalações hidrossanitárias
Paulo Silva
Alexandra Vicente
Sistemas Mecânicos
Marco Carvalho
Isabel Sarmento
Tiago Teixeira
Instalações Elétricas
Raul Serafim
Luis Oliveira
Telecomunicações
Raul Serafim
Luis Oliveira
Segurança contra Incêndio
Maria da Luz Santiago
Resíduos Sólidos
João Oliveira
Acústica
Octávio Inácio
Instalações Elétricas
Raul Serafim
Luis Oliveira
Consultores
Envoltória: Stephan Heinlein
Geotecnia: Pedro Huergo, Eng. Josiele Patias.
Instalações, Conforto e Energia: Eng. Eduardo Ribeiro
Segurança e Prevenção Contra Incêndio: Arq. Carlos Garmatter
Estruturas: Eng. Ricardo Dias
Conforto e Energia (PETINELLI)
FICHA TÉCNICA
- Área construída total (edifício principal e unidades isoladas): 4.916,59 m²
- Área construída de laboratórios: 1.253,72 m²
- 17 laboratórios de pesquisa
- 8 unidades aerogeradoras, painéis fotovoltaicos e coletores solares
- Sistemas próprios de: geração de energia, tratamento de água, tratamento de esgoto e processamento de resíduos sólidos.