A estratégia de implantação adotada interpreta o programa do Centro Antártico Internacional (CAI) como um campus, um conjunto no qual cada um dos edifícios desempenha a especificidade de sua função, forma e estrutura.
A composição arquitetônica e urbanística adota como elemento forte da paisagem a linha da praia, a água, sua relação visual e espacial, sua potência de elemento integrador. No nível do chão, junto à linha d’água, um passeio de pedestres em frente ao CAI organiza essa estrutura, promovendo o espaço público e sua integração com os edifícios.
Por conta do alinhamento da situação compositiva, os edifícios são entendidos como continuidade e não ruptura.
No terreno sudoeste propõe-se a implantação do edifício do Museu e Centro Interativo. No terreno nordeste localizam-se os demais setores: laboratórios, escritórios e área logística, essa última, junto ao acesso da rampa de barcos.
O desenho sugerido para a Rua Nueva 25, frente de mar, reforça a predominância do pedestre sobre os veículos e do espaço de uso público sobre o espaço privado.
Desde o centro de Punta Arenas, seguindo pela Avenida Costanera del Estrecho, passando pela Rua Nueva 25, a linha da costa conduz à Punta Arenosa, na extremidade nordeste da península. Trata-se de um local apropriado para passeios de pedestres e ciclistas, além de local de recreação e contemplação da paisagem de magalhães. Nesse local, a implantação de um futuro espaço público, um parque, potencializará a circulação de pessoas em frente ao CAI.
A esquina da Rua Nueva 25a é interpretada como o lugar em que o tecido urbano se entrelaça com o campus. Essa esquina marca o ritmo urbano, diminui percursos e fornece o endereço tanto para a área de divulgação do museu – seu auditório – , quanto para o acesso à laboratórios e escritórios.
A diversidade programática requerida pelo CAI: museus, laboratórios, escritórios e serviços é tomada como premissa de projeto. A lineariadade do terreno à beira mar organiza a composição dos artefatos edificados. O respeito pela especificidade dos programas resulta na volumetria do conjunto proposto.
O Museu
A interpretação do Museu como atmosfera artificial, criada pelo homem para reproduzir elementos da natureza. A experiência da natureza recriada, sintetizada para a compreensão dos espectadores: a estufa.
Um espaço ao abrigo das intempéries, protegido da chuva, da neve e do vento. Um local para conhecer a ciência das regiões antártica e subantártica. Um lugar em que as pessoas possam compreender o impacto da intervenção humana em territórios sensíveis e o papel que a consciência ambiental tem nas nossas vidas.
A estufa é uma construção tradicional na patagônia. Os produtores rurais usam esses ambientes para produção de alimentos. Mas mais que isso, para controlar em certa medida as condições atmosféricas, permitindo que a vida evolua mesmo em um ambiente inóspito.
O edifício proposto para o Centro Interativo leva em consideração a possibilidade de tratar a estufa como uma metáfora de sua forma e de sua própria racionalidade construtiva.
Dentro dessa espécie de atmosfera artificial são distribuídos volumes cúbicos que abrigam os elementos do programa expositivo e as áreas de serviços. Esses volumes tem suas condições de luz e temperatura controlados, de forma a garantir a coerência do percurso museográfico.
O interstício dessas caixas acaba por construir o espaço do hall do museu. Um espaço a partir do qual se pode ver o céu, apreciar as visuais para o mar, reunir as pessoas em grupo, passear em família, ver a paisagem, contemplar a natureza externa de um ponto de vista confortável.
A área de divulgação, além do acesso a partir do hall, conta com entrada específica pela Rua Nueva 25ª. Dessa forma os eventos podem ocorrer mesmo que o museu esteja fechado.
O Edifício de Laboratórios e Escritórios
Para esse setor da implantação pensou-se numa estrutura de pavimentos sobrepostos que, além de resolver apropriadamente as funções de laboratórios e escritórios, mantém sempre as visuais dos ambientes de trabalho para a área externa. Os locais de permanência das pessoas se abrem para a paisagem de magalhães.
Com a intenção de revelar as atividades internas para quem passa pela rua e garantir um percurso agradável dentro do edifício, propõe-se uma escada que se abra para dentro e para fora.
O edifício ganha altura, marcando a importância dos laboratórios como coração do campus do CAI.
A Garagem de Barcos
Ambiente logístico de suma importância para o funcionamento do CAI pois dá suporte à carga e descarga, à manutenção de embarcações e ao depósito de equipamentos utilizados pelo CAI.
Pensou-se numa estrutura clara e funcional que possa atender à rampa de barcos e ao pátio de manobras de forma integrada ao sistema viário da região.
O PROJETO
A EQUIPE
Autores
Emerson Vidigal
Eron Costin
Fabio Henrique Faria
João Gabriel Rosa
Martin Kaufer Goic
Arquiteto coordenador (Chile)
Eduardo Corales
Engenharia
AFAconsult:
Maria Rui Castanhola
Rodrigo Castro
Marco Carvalh
Colaboradores
Astrid Harumi Bueno
Felipe Sanquetta
Daniela Moro
Gabriel Tomich
FICHA TÉCNICA
- Área Construída: 9.317,48 m²
- Espaços livres (paisagismo): 12.187,16 m²