Curitiba – PR
Fazer uma pequena casa “na rua” ao invés de em um condomínio. Potencializar o contato com o chão e estendê-lo à cobertura. Projetar uma obra econômica e ambientalmente correta, condizente com as reais necessidades de quem irá habitá-la.Havia o desejo de uma casa voltada para a rua, contrariando a tendência da busca por condomínios. O processo de projetar se deu tal qual o ofício da alfaiataria, onde as medidas são precisas, nada sobrando nem faltando. Era esperada uma casa com programa mínimo para tornar a obra viável financeiramente. Deveria liberar espaço externo, ser de fácil manutenção e evitar a sensação de desperdício. Deste modo, o terreno de 240m² recebeu uma pequena construção de 119,20m².
A antiga casa tinha apenas 0,25m² de área ajardinada permeável onde um pé de limão resistia bravamente. Ao final da nova obra, a área ajardinada total resultou em 128 m², mais do que a área da própria casa. A instalação de painéis fotovoltaicos e previsão de medidas passivas de conforto térmico resultaram em uma residência que produz mais energia do que consome.
O sistema construtivo é a alvenaria estrutural e a tecnologia BIM foi aplicada na etapa de projeto e também durante a obra, permitindo maior controle e precisão no canteiro.
Sustentabilidade
É importante salientar que a palavra sustentabilidade, embora tenha se popularizado nas últimas décadas na área da construção civil, trata-se antes de mais nada de praticar responsavelmente a concepção de projetos e a execução de obras, sendo que muitas boas obras de arquitetos do passado já contemplavam todo o significado atual conferido à este termo tão difundido atualmente. Um projeto já deve nascer considerando todas as soluções que conferem ao edifício a eficiência esperada de uma obra dita sustentável, ao invés de se esperar que um projeto irresponsável possa contar com ferramentas paliativas e artifícios posteriores de mitigação. Neste sentido, as estratégias de eficiência energética e conforto ambiental foram pensadas desde a concepção inicial do projeto. O terraço ajardinado confere maior isolamento térmico, protegendo da ação direta do sol sobre a laje e também servindo como área de cultivo de plantas, além de seu aspecto contemplativo. Outra importante função é a redução da velocidade da água da chuva, amortecendo a carga pluvial enviada à micro-drenagem pública, bem como a facilidade de acesso aos sistemas de cobertura facilita a manutenção da casa.
A ventilação natural é garantida em todos os ambientes, sendo amplificada pelo posicionamento das grandes aberturas na direção dos ventos predominantes. As aberturas zenitais dos banheiros também auxiliam o “efeito chaminé” quando as portas destes ambientes estão abertas. Um rasgo de iluminação zenital traz luz natural moderada ao corredor.
A água da chuva é reaproveitada através de sua coleta na calha do telhado, de onde é conduzida até uma cisterna e então distribuída às torneiras espalhadas pelo local.
Os oito painéis solares fotovoltaicos, com capacidade de 270w cada, estão ligados à rede pública de energia (grid tie).
Sistema Construtivo
As fundações em estacas escavadas mecanicamente foram concebidas para superar a dificuldade de um terreno frágil com lençol freático muito superficial, oscilando entre 7 metros nas estações secas e 2 metros nas estações chuvosas.
A opção pela alvenaria estrutural ocorreu devido ao sistema resultar em obra mais limpa, barata e de fácil execução mesmo por mão de obra pouco especializada, eliminando gastos com fôrmas de pilares e cintas de amarração. O sistema também confere maior facilidade de fiscalização de erros, uma vez que um mapa com a posição exata de cada tipo de bloco é elaborado na etapa de projeto. A laje do tipo mista foi executada com EPS, conferindo maior desempenho térmico à casa.
O PROJETO
A EQUIPE
Autor
Eron Costin
Fotos
Eron Costin
Construção
Eron Costin
Cálculo Estrutural
Flávio Nogueira – Fattor Projetos Estruturais
Projeto Hidrosanitário
ALG Engenharia
Projeto Elétrico
ALG Engenharia
FICHA TÉCNICA
- Área construída: 119,12 m²
- Área do terreno: 240,00 m²